quinta-feira, 28 de junho de 2012

O que eu achei de Eraserhead

Bom, eu não sou um cara que conhece muito sobre arte, não me considero culto, gosto de bobagens, sou um tanto fútil. Mas tem hora que isso cansa. Pra poder não ser visto como burro pelas pessoas que gostam de Cultura & Arte, eu resolvi que ia mudar esse meu jeito.
Como eu sei alguma coisinha sobre música, a primeira coisa que veio na minha cabeça foi "eu preciso entender mais sobre cinema". 


Claro que eu sei que os cinéfilos cultos não gostam de Crepúsculo, Harry Potter, e esses filmes chatos, então decidi procurar um filme do underground. Algo tão de hipster que pudesse fazer eu me sentir bem quando falasse sobre aquele filme e as pessoas me dissessem que não conheciam. Resumindo, queria me envolver profundamente no universo Babaca Cult.
Fui procurar meu filme desconhecido. Um filme "com conteúdo" e "que me passasse alguma mensagem", como dizem os caras. Depois de um tempo procurando o filme mais legal que eu poderia assistir, me deparei com esse que está aí embaixo.


É difícil falar qualquer coisa sobre esse filme, até porque é difícil entender qualquer coisa sobre ele. Na verdade não é possível nem afirmar com toda certeza qual é o gênero desse filme. Procurei assisti-lo por achar que era um filme de terror. O fato é que mesmo que seja, o que poderá dar medo não é nenhum monstro ou cena de susto, e sim a loucura dos personagens e das imagens como um todo, combinadas com a trilha sonora, que também é bastante experimental.
Conforme eu li pelas wikipedias por aí (quem não pesquisa na wikipédia quando não conhece alguma coisa que atire a primeira pedra), este é o primeiro longa-metragem da carreira do diretor David Lynch, que começou a trabalhar neste projeto quando ainda estudava cinema no AFI Conservatory. O planejamento era de que Eraserhead deveria ter 42 minutos, o que não aconteceu, já que o tempo de duração é de 89 minutos. O roteiro do longa tinha apenas 21 páginas, o que deixou os professores do conservatório preocupados, pois as cenas com poucos diálogos poderiam fazer com que o filme não obtivesse sucesso. Na verdade, se eu fosse um dos professores eu não investiria em Eraserhead mesmo depois de ver o filme pronto, mas como eu não era, investiram.

O filme começa com a imagem de algo que pode ser um planeta ou um meteoro, com o rosto do personagem principal em primeiro plano. Os 10 primeiros minutos não tem nenhuma fala, o que já o torna chatíssimo para quem não está preparado para todo o experimentalismo da história. Portanto, se por acaso se sentir entediado nas primeiras cenas e espera algo surpreendente, nem assista o resto. Não vai surpreender e provavelmente você irá passar quase duas horas sem entender nada.


Os diálogos mais fáceis de se entender acontecem quando Henry (interpretado por Jack Nance) está na casa de sua namorada, e os pais da moça o informam de que ela teve um bebê, que seria seu filho. Porém, mesmo sendo possível compreender este dialogo, no decorrer das cenas, os personagens parecem ser todos doentes mentais (acho que eu gostei do filme só por causa disso), inclusive Henry, que passa o filme todo com uma expressão facial preocupada e assustada.
Ao ver o que seria o filho do casal, percebe-se que não é uma criança, e sim um monstrinho, que fica o tempo todo enrolado em cima de uma cômoda. Perturbada com a presença daquele bichinho feio, que passa a noite chorando, a esposa de Henry diz que vai voltar para a casa dos pais, e o deixa sozinho cuidando do filho. 
A partir daí começam as sequências de cenas inexplicáveis, onde fica cada vez mais difícil entender qual era a intenção do diretor com a história. Em grande parte das cenas, a impressão é que tudo se trata de um sonho, inclusive, o próprio David Lynch já definiu Eraserhead como um "sonho de coisas escuras e perturbadoras". 
O título se deve a uma das cenas inexplicáveis, onde a cabeça do personagem é cortada, levada a uma fábrica, e então passa a servir como matéria prima de borracha daqueles lápis com uma borrachinha bem pequenininha na ponta traseira.


Eu poderia falar que apesar de parecer incompreensível, o filme é considerado um clássico cult, que ele tem uma estética surpreendente, ou até que é um filme que faz pensar. Mas a coisa mais sincera que eu posso dizer é que se David Lynch queria usar subliminares no filme para dizer alguma coisa, ou se escondeu alguma mensagem por trás daquelas cenas estranhas, ele exagerou no "esconder", porque eu mesmo não achei nada. É só um filme que eu gostei de assistir, é legal ver os atores interpretando tão bem pessoas tão estranhas e loucas, mas não senti nenhuma mensagem. Achei apenas que o diretor é meio ruim da cabeça... ou sei lá, talvez eu que sou burro e não entendo essa arte que vocês tanto falam.


@RafaelRoochaa

UPDATE 27/09/2012, às 01:14 - Depois de ter escrito esse post há muito tempo, vi um comentário de que o filme fala sobre uma gravidez indesejada. Fez sentido pra mim isso, como ele não queria o bebê, via ele como um monstro.